26 de jul. de 2010

A misericórdia divina e a humana

Bem aventurados os misericordiosos porque alcançarão misericórdia (Mt 5,7). É suave a palavra misericórdia, meus irmãos. E se a palavra assim é, o que não será a realidade? Apesar de todos a desejarem, não agem de modo a merecer recebê-la, o que é mau. De fato, todos querem receber a misericórdia, mas poucos querem dá-la.

Que espécie de gente somos nós que, quando Deus dá, queremos receber, quando ele pede, nós nos recusamos a dar? Se um pobre tem fome, Cristo sofre necessidade, conforme disse: Tive fome e não me destes de comer (Mt 25, 35b). Por conseguinte, não desprezes a miséria dos pobres, se queres esperar confiante o perdão dos pecados. Agora Cristo passa fome, irmãos. Em todos os pobres ele se digna ter fome e sede. Mas aquilo que recebe na terra, paga-o no céu.

Pergunto-vos, irmãos, que quereis ou que buscais quando vindes à Igreja? Não é a misericórdia? Dai, então, a misericórdia terrestre e recebereis a celeste. O pobre pede a ti e tu pedes a Deus. O pobre pede um pedaço de pão; tu, a vida eterna. Dá ao mendigo o que merecerás receber de Cristo. Escuta o que ele diz: Dai e vos será dado (Lc 6, 38a). Não sei com que coragem queres receber aquilo que não queres dar. Por isto, vindo à Igreja, daí esmolas aos pobres, segundo vossas posses.

-- Dos Sermões de São Cesário de Arles, bispo (século VI)

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