1 de set. de 2010

Os graus da contemplação

Caríssimos, o primeiro grau da contemplação é que consideremos sem cessar o que quer o Senhor, o que lhe agrada, aquilo que é aceito diante dele. E já que em muitas coisas todos nós faltamos (Tg 3,2) e nossa força vai de encontro à retidão de sua vontade, sem poder unir-se ou adaptar-se a ela, humilhemo-nos sob a poderosa mão do Deus altíssimo e procuremos mostrar-nos bem miseráveis aos olhos da misericórdia, dizendo: Cura-me, Senhor, e ficarei curado; salva-me e serei salvo (Jr 17,14), e ainda: Senhor, tem compaixão de mim, cura minha alma porque pequei contra ti (Sl 40, 5).

Tendo-nos adiantado um pouco no exercício espiritual, guiados pelo Espírito, perscrutador das profundezas de Deus, pensemos na suavidade do Senhor, como é bom em si mesmo. Com o profeta, roguemos ver a vontade de Deus e visitar já não mais nosso coração, mas seu templo; dizendo contudo: Dentro de mim, minha alma está perturbada: por isso lembrar-me-ei de ti (Sl 41,7).

Nestes dois pontos consiste toda a nossa vida espiritual: olhando para nós, nos perturbemos e entristeçamos, para nossa salvação; e respiremos desafogados na consideração das coisas divinas, para recebermos a consolação na alegria do Espírito Santo. De lá nos venha o temos e a humildade e daqui, brote em nós a esperança e a caridade.

-- Dos Sermões de São Bernardo, abade (século XII)

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