12 de mai. de 2011

O banho do Batismo

Vamos expor de que modo, renovados por Cristo, nos consagramos a Deus.

Todos os que estiverem convencidos e acreditarem no que nós ensinamos e proclamamos, e  prometer em viver de acordo com essas verdades, exortamo-los a pedir a Deus o perdão dos  pecados, com orações e jejuns; e também nós rezaremos e jejuaremos unidos a eles.

Em seguida, levamo-los ao lugar onde se encontra água; ali renascem do mesmo modo que nós  também renascemos: recebem o batismo da água em nome do Senhor Deus Criador de todas as  coisas, de nosso Salvador Jesus Cristo e do Espírito Santo.

Com efeito, foi o próprio Jesus Cristo que afirmou: Se não renascerdes, não entrareis no reino  dos céus (cf. Jo 3,3.5). É evidente que não se trata, uma vez nascidos, de entrar novamente no  seio materno.

O profeta Isaías também diz àqueles que pecaram e se arrependem, como libertar-se das culpas.  São estas as suas palavras: Tirai a maldade de vossas ações de minha frente. Deixai de fazer o  mal! Aprendei a fazer o bem! Julgai a causa do órfão, defendei a viúva. Vinde, debatamos – diz  o Senhor. Ainda que vossos pecados sejam como púrpura, tornar-se-ão brancos como a neve.  Se não me ouvirdes, uma espada vos destruirá. Assim falou a boca do Senhor (cf. Is 1,16-20).

Esta doutrina, nós a recebemos dos apóstolos. No nosso primeiro nascimento, fomos gerados  por um instinto natural, na mútua união de nossos pais, sem disso termos consciência. Fomos  educados no meio de uma sociedade desonesta e em maus costumes. Todavia, para termos  também um nascimento que não seja fruto da simples natureza e da ignorância, mas sim de uma  escolha consciente, e obtermos pela água o perdão dos pecados cometidos, sobre aquele que  quiser renascer e fizer penitência dos pecados, é pronunciado o nome do Senhor Deus Criador  de todas as coisas. Somente podemos invocar este nome sobre aquele que é levado à água do  batismo.

A ninguém é permitido pronunciar o nome inefável de Deus. Se alguém ousa afirmar ter em si  este nome, não passa de um louco.

A este batismo dá-se também o nome de “iluminação”, porque os iniciados nesta doutrina são iluminados na sua capacidade de compreender as coisas. Mas a purificação daquele que é iluminado, faz-se em nome de Jesus Cristo, crucificado sob Pôncio Pilatos, e em nome do Espírito Santo que, pelos profetas predisse tudo quanto dizia respeito a Jesus.

-- Da Primeira Apologia em defesa dos cristãos, de São Justino, mártir (século II)

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