9 de ago. de 2011

Por suas chagas fomos curados


Nosso remédio são os tormentos de nosso Salvador. O profeta no-lo ensina: Ele tomou sobre si nossos pecados e carregou nossas dores; nós, porém, o julgávamos castigado e ferido por Deus e humilhado. Ferido por nossos pecados, esmagado por nossos crimes; o castigo que nos valeu a paz caiu sobre ele; por suas chagas fomos curados. Todos, quais ovelhas, nos desgarramos; por isso como ovelha foi conduzido ao matadouro e, como cordeiro, calou-se diante do tosquiador (Is 53,4-7).

Igual a um pastor, vendo dispersas as ovelhas, toma em mãos uma delas e a conduz às pastagens escolhidas; as outras, arrasta-as após si por este exemplo. Assim o Deus Verbo, ao ver errante o gênero humano, assumiu a forma de servo, unindo-a a si. E, por ela, atraiu a si toda a natureza humana e conduziu à divina pastagem aqueles que eram mal apascentados e presa dos lobos.

Foi para isso que nosso Salvador assumiu nossa natureza. Para isso o Cristo Senhor aceitou a paixão salvadora, entregou-se à morte e foi sepultado, posto no sepulcro, para nos libertar da antiga tirania e dar a promessa da incorruptibilidade àqueles que estavam sujeitos à corrupção. Reedificando o templo destruído e ressuscitando dos mortos, mostrou até aos mortos e aos que esperavam sua ressurreição o cumprimento das verdadeiras e sólidas promessas.

Na verdade, é como se Ele dissesse: “Do mesmo modo como a vossa natureza, assumida por mim, pela inabitação e união da divindade, alcançou a ressurreição e, livre da corrupção e dos sofrimentos, passou para a incorruptibilidade e a imortalidade, assim também vós sereis livres da dura escravidão da morte e, despidas a corrupção e suas perturbações, sereis revestidos de impassibilidade.”
  
Por este motivo enviou pelos apóstolos a todo o gênero humano o dom do batismo. Ide, pois, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo (Mt 28,19). O batismo é imagem e figura da morte do Senhor. “Pois se estamos completamente unidos a Cristo, como diz Paulo, pela imagem da sua morte, também o estaremos pela imagem da sua ressurreição (Rm 6,5).

-- Do Tratado sobre a Encarnação do Senhor, de Teodoreto de Ciro, bispo (século V)

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