9 de set. de 2012

A unidade da Igreja no pensamento de São Leão Magno


Antes de tudo São Leão nos ensina que a Igreja é una, porque um é o seu esposo, Jesus Cristo: "Tal é, com efeito, a Igreja virgem, unida a um só esposo, Cristo, a ponto de não admitir erro algum; de modo que, em todo o mundo, nós gozamos de uma só união, casta, integra". O santo acha, outrossim, que essa admirável unidade da Igreja teve início com o nascimento do Verbo encarnado, como resulta destas expressões: "É, com efeito, o nascimento de Cristo que determina a origem do povo cristão: o natal da Cabeça é também o natal do corpo. Mesmo se cada um dos chamados [à fé] tem a sua vez, se todos os filhos da Igreja estão distribuídos na sucessão dos tempos, todavia o conjunto dos fiéis, nascidos da fonte batismal, assim como com Cristo são crucificados na sua paixão, são ressuscitados na sua ressurreição, são postos à destra do Pai na sua ascensão, assim também com ele são congerados neste nascimento". Desse misterioso nascimento do "corpo da Igreja" (Cl 1,18) participou intimamente Maria, graças à sua virgindade, tornada fecunda por obra do Espírito santo. Com efeito, São Leão exalta Maria como "Virgem, serva e mãe do Senhor""Genitora de Deus" e "Virgem perpétua".

Além disto, observa ainda São Leão, o sacramento do batismo não só torna cada cristão membro de Cristo, mas o faz também participante da sua realeza e do seu sacerdócio espiritual: "Com efeito, todos aqueles que foram regenerados em Cristo foram também feitos reis com o sinal da cruz, e sagrados sacerdotes com a unção do Espírito Santo". O sacramento da Confirmação, chamado "santificação dos crismas", corrobora tal assimilação a Cristo Cabeça, enquanto na eucaristia ela acha o seu remate: "Com efeito, a participação no Corpo e no Sangue de Cristo não faz senão transformar-nos naquilo que tomamos; e em tudo, tanto na carne como no espírito, trazemos aquele mesmo no qual fomos mortos, sepultados e ressuscitados".

Mas, note-se bem, para São Leão não pode haver perfeita união dos fiéis com Cristo Cabeça e entre si, como membros de um mesmo organismo vivo e visível, se aos vínculos espirituais das virtudes, do culto e dos sacramentos não se juntar a profissão externa da mesma fé: "Grande sustentáculo é a fé íntegra, a fé verdadeira, à qual nada pode ser acrescentado ou tirado por quem quer que seja; pois que a fé, se não é única, então absolutamente não existe". Entretanto, à unidade da fé é indispensável a união entre os mestres das verdades divinas, isto é, a concórdia dos bispos entre si em comunhão com o pontífice romano e em submissão a ele. "A compacidade de todo o corpo é que dá origem à sua sanidade e à sua beleza; e essa mesma compacidade, se reclama a unanimidade, exige entretanto sobretudo a concórdia dos sacerdotes. Estes têm em comum a dignidade sacerdotal, mas não o mesmo grau de poder; já que, mesmo entre os apóstolos, houve igualdade de honra, mas diferença de poder, enquanto a todos foi comum a graça da eleição, mas a um só foi concedido o direito de preeminência sobre os outros".

-- Carta Encíclica Aeterna Dei Sapientia, do Papa João XXIII, publicada em 11 de Novembro de 1961 - na ocasião dos 1500 anos de falecimento do de São Leão Magno.

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