8 de dez. de 2013

Da Unidade da Igreja - parte IV

A lei do amor e a unidade

É certamente coisa incomum e admirável profetizar, expulsar demônios e fazer obras portentosas aqui na terra, mas quem faz todas essas coisas não conseguirá o Reino celeste se não anda no caminho reto e certo.
Catedral de Santo Estevão, Budapeste

Ouçamos ainda o Senhor: "Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não te lembras que em teu nome profetizamos e em teu nome expulsamos demônios e em teu nome fizemos obras portentosas? Eu porém lhes direi: jamais vos conheci, apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade" (Mt 7,21-23). É necessária a justiça para que alguém possa ser premiado por Deus. É necessário obedecer aos seus mandamentos e aos seus avisos, para que os nossos méritos alcancem a recompensa.

O Senhor, no Evangelho, querendo mostrar-nos em breve resumo a senda da nossa fé e da nossa esperança, disse: "O Senhor, teu Deus, é um só", e continua: "Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças" (Mc 12,29-31). "Eis o primeiro mandamento. O segundo é semelhante a ele: amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Nestes dois preceitos funda-se toda a lei e também os profetas" (Mt 22,39-40).

Com a sua autoridade ensinou, ao mesmo tempo, a unidade e o amor. Em dois preceitos compendiou a lei e todos os Profetas. Mas que unidade observa, que amor pensa praticar aquele que, como doido pelo furor da discórdia, divide a Igreja, destrói a fé, perturba a paz, aniquila a caridade, profana o Sacramento?

Essas aberrações foram preditas

Este mal, ó irmãos fidelíssimos, já tinha começado algum tempo atrás, mas agora, como triste calamidade, foi crescendo dia a dia e a venenosa praga da heresia e dos cismas aparece e pulula sempre mais. Assim deve acontecer no fim do mundo, como nos vaticina e nos avisa o Espírito Santo por meio do Apóstolo: "Nos últimos dias, diz ele, chegarão tempos difíceis e haverá homens que só buscam os próprios gostos, soberbos, arrogantes, avarentos, blasfemos, desobedientes aos pais, ingratos, desalmados, sem afeição e sem respeito de compromisso, caluniadores, incontinentes, violentos, sem nenhum amor ao bem, traidores, atrevidos, estupidamente altivos, amando mais os prazeres que Deus, ostentando um verniz de religiosidade, mas conculcando todo valor religioso. Deles são os que se insinuam nas casas e conquistam mulherzinhas carregadas de pecados, que se deixam levar por várias volúpias e se mostram sempre curiosos de saber, mas nunca chegam ao conhecimento da verdade. E como Jamnes e Mambres fizeram resistência contra Moisés, assim estes resistem à verdade. Mas não serão bem sucedidos, porque a sua incapacidade será a todos manifesta, como aconteceu àqueles" (2Tim 3,1-9).

Tudo o que tinha sido preanunciado se está cumprindo e, enquanto se aproxima o fim do mundo, tudo se realiza nas pessoas e nos acontecimentos.

O adversário está solto. Cada vez mais, o erro vai espalhando os seus enganos. A insensatez gera orgulho, arde a inveja, a cobiça chega até à cegueira, a impiedade deprava, a soberba incha, a discórdia exaspera, a ira enfurece.

-- São Cipriano de Cartago (século III)

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